Ressecção laparoscópica de teratoma hepático hilar

Talita Di Santi,1 Victor Subyung Lee,1 Marcelo Callado Fantauzzi,1 Gabriela Tomaz Martinho,1 Rafael Guedes de Toledo Barros,1 Andreas Johann Molnar Koszka,2 Andre Ibrahim David2

1 Faculdade de Ciências Médicas. Santa Casa de São Paulo.
2 Hospital Samaritano. São Paulo.
Brasil.

Acta Gastroenterol Latinoam 2019;49(1):73-76
Recibido: 14/10/2017 / Aprobado: 26/12/2017 / Publicado en www.actagastro.org el 18/03/2019

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Resumo

Teratomas hepáticos são neoplasias benignas raras. Anatomi­camente, eles são mais frequentes no lobo direito do fígado. No entanto, o relato de caso a seguir se refere a um teratoma na região do hilo hepático. Os exames de ultrassonografia e de tomografia diagnosticaram um cisto hepático em uma mulher de 38 anos com queixa de dor abdominal há 6 me­ses. A conduta adotada foi um destelhamento do cisto por videolaparoscopia. Durante o procedimento, além do cisto, foi identificado um Teratoma de Hilo Hepático, cujas di­mensões eram 7,2 x 4,0 x 3,0 cm, confirmado pela anatomia patológica. Portanto, foi detectado um caso raro de teratoma de hilo hepático, em que os exames realizados não tinham feito um diagnóstico preciso. A abordagem laparoscópica foi segura, apesar dessa incoerência no diagnóstico.

Palavras chave. Hilo hepático, tumor, laparoscopia, tera­toma.

Resección laparoscópica de un teratoma del hilio hepático

Resumen

Los teratomas hepáticos son neoplasias benignas raras. Ana­tómicamente son más frecuentes en el lóbulo derecho del hí­gado. Sin embargo, el siguiente relato de caso se refiere a un teratoma en la región del hilio hepático. Los exámenes ultra­sonográficos y tomográficos diagnosticaron un cistohepático en una mujer de 38 años con dolor abdominal hace 6 meses. La conducta adoptada fue destello del quiste por videolapa­roscopía. Durante el procedimiento, además del quiste, fue identificado un teratoma del hilio hepático de 7,2 x 4,0 x 3,0 cm, confirmado por la anatomía patológica. Por lo tan­to, tenemos un caso raro de teratoma de hilio hepático, en el cual los exámenes realizados no brindaron el diagnóstico preciso. El abordaje laparoscópico fue seguro, a pesar de esta incoherencia en el diagnóstico.

Palabras claves. Hilio hepático, tumor, laparoscopia, te­ratoma.

Laparoscopic ressection of a hepatic hilum teratoma

Summary

Liver teratomas are rare benign neoplasms. Anatomically, they are more frequent in the right lobe of the liver. Howe­ver, this case report is about a teratoma found in the hepa­tic hilum. The ultrasonography and the tomographic exams showed hepatic cyst in a woman (age 38 years) with abdo­minal pain. The conduct adopted was laparoscopic ressec­ tion. During the procedure, in addition to the cyst, a hepa­tic hilum teratoma was identified, whose dimensions were 7.2 x 4.0 x 3.0 cm, confirmed by the pathological anatomy. Therefore we have a rare case of hepatic hilum teratoma, in which the exams performed did not make the precise diagno­sis. The laparoscopic approach was safe, despite this incohe­rence in the diagnosis.

Key words. Hepatic hilum, tumor, laparoscopy, teratoma.

Os teratomas são neoplasias caracterizadas pelo cresci­mento anormal de tecidos derivados de células germinati­vas, as quais podem estar presentes em diversas regiões do corpo. Por derivarem desse tipo de células, os teratomas ocorrem com frequência decrescente em ovários, testícu­los, mediastino anterior, retroperitônio, região sacrococ­cígea e crânio.1

Desse modo, teratomas hepáticos são extremamente raros. Constituem menos de 1% de todos os teratomas.2 A maioria deles ocorrem em crianças menores de três anos de idade e de sexo feminino. Além disso, eles geralmente se desenvolvem no lobo direito do fígado.3

O diagnóstico de teratoma pode não ser aparente por meio de radiografia então normalmente, o exame histo­lógico comprova o diagnóstico definitivo.4 Contudo, o exame histológico é um método delicado e invasivo. Por este motivo, busca-se aprimorar exames de imagem para precisão do diagnóstico. A angiografia é um dos métodos mais utilizados para determinar o local do tumor e sua relação com os vasos hepáticos, porém o fato de neces­sitar de anestesia pode limitar a abordagem. Já as ima­gens de tomografia convencionais podem não alcançar a localização e as relações com os vasos de modo preciso, mas mesmo assim são utilizadas. Há testes recentes de uso de imagens tomográficas em 3D, as quais houve uma comprovação de que são melhores do que a tomografia convencional na avaliação da viabilidade de ressecção tumoral (localização, tamanho e relações com os vasos). Isso porque a rotação e a profundidade das imagens 3D permitem reservar os vasos, principalmente a veia porta.5 Existem poucos relatos de casos publicados na literatura sobre teratomas hepáticos ou, mais especificamente, de hilo hepático. Este relato é relevante para a ampliação do conhecimento sobre o tema, bem como para a precisão dos métodos diagnósticos. Isso porque há um registro do procedimento laparoscópico, através de vídeo e também exames de imagem.

História clínica

Relata-se o caso de uma mulher de 38 anos (altura 1,64 m e peso 80 kg), que apresentou sensação de em­pachamento e dor abdominal há seis meses. Não havia outros eventos prévios clinicamente significantes e a pa­ciente também não apresentava comorbidades prévias as­sociadas, com exceção ao seu sobrepeso (IMC = 29,7). Ela negava alergias, hábitos ou uso de medicamentos con­tínuos.

Exames complementares

  1. Ultrassonografia que mostrou cisto hepático.
  2. Tomografia convencional que confirmou cisto ex­tenso (com região de hiper-realce central) em lobo es­querdo, registrado através das seguintes imagens:
    • Corte coronal (Figuras 1, 2 e 3):
      Figura 1
      Figura 2
      Figura 3
    • Corte transversal (Figuras 4 e 5)
      Figura 4
      Figura 5

Conduta e diagnóstico final

A conduta adotada foi o destelhamento do cisto por laparoscopia guiada através de video (Figuras 6 e 7). O lo­cal dessa massa tumoral, o hilo hepático, é uma região de­licada, principalmente pela passagem da artéria hepática e da veia porta. A cirurgia foi concluída sem anormalidades e a paciente teve alta no segundo dia de pós-operatório.

Após o procedimento, o diagnóstico final foi de Te­ratoma de Hilo Hepático. Um tumor extremamente raro no local e nas condições apresentadas.

Figura 6. O processo cirúrgico de destelhamento do cisto.

Figura 7. Continuação do processo cirúrgico.

Estudo anatomo-patológico

Registrou-se um teratoma hepático (Figuras 1 e 2 aci­ma), de dimensões 7,2 x 4,0 x 3,0 cm. Segmento irregular de tecido amarelado e macio com presença de elementos dentários e de áreas pétreas.

Laudo a seguir:

Figura 8. Imagem do teratoma após cirurgia.

Figura 9. Imagem do teratoma após cirurgia.

Discussão e conclusão

Lesões císticas hepáticas são comumente encontradas nos exames de imagem. O diagnóstico preciso é impor­tante para determinar seu grau de malignidade e a condu­ta a aplicar. Relatou-se um caso raro de teratoma de hilo hepático em uma mulher de 38 anos. Há poucos casos na literatura como este, na revisão bibliográfica realizada foram encontrados não mais de trinta casos.2 O fato de serem mais comuns em crianças e de representarem me­nos de 1% das lesões císticas hepáticas, torna o relato im­portante para a ampliação de conhecimento sobre o tema.

Nesse caso, os métodos diagnósticos realizados foram imprescindíveis. O USG, complementado com a tomo­grafia convencional, permitiram a análise da localidade e do tamanho do teratoma para a abordagem cirúrgica, apesar de não haver sido utilizada tecnologia em 3D. O diagnóstico anatomo-patológico de proliferação de te­cidos derivados dos folhetos germinativos constituídos, predominantemente por pele e anexos cutâneos, trouxe­ram uma certeza quanto ao tamanho e a ausência de sinais de malignização da lesão.

A precisão diagnóstica permitiu a exérese do cisto hepático complexo por via laparoscópica. Desse modo, houve boa evolução da paciente, com alta hospitalar no segundo dia pós-cirúrgico e sem queixas dolorosas.

Referências

  1. Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR. Holland-Frei Cancer Medicine, Harvard Medical School Boston, Massachusetts 2003.
  2. Certo M, Franca M, Gomes M, Machado R. Liver teratoma. Acta Gastroe Belg 2008.
  3. Rahmat K, Vijayananthan A, Abdullah B, Amin S. Benign terato­ma of the liver: a rare cause of cholangitis”, University of Malaya, Malaysia 2006.
  4. Davidson AJ, Hartman DS, Goldman SM. Mature teratoma of the retroperitoneum: radiologic, pathologic, and clinical correla­tion. Radiology 1989.
  5. Dong Q, Xu W, Jiang B, Lu Y, Hao X, Zhang H, Jiang Z, Lu H, Yang C, Cheng Y, Yang X, Hao D. Clinical applications of com­puterized tomography 3-D reconstruction imaging for diagnosis and surgery in children with large liver tumors or tumors at the hepatic hilum. Qing Dao University, China 2007.

Correspondencia: Talita Di Santi
Avenida Paulista, 671 (CEP 01311-000). Bairro Bela Vista, São Paulo, Brasil
Tel.: +55 11 32630952
Correo electrónico: tadisanti@gmail.com

Acta Gastroenterol Latinoam 2019;49(1): 73-76

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